eu tenho uma idéia: e se fizessemos um pacto de sangue (tá, pode ser menstrual, assim a gente não tem que se cortar hehehehe) de levarmos o kk na bagagem pra onde formos? todo ano no feriado de corpus crisis a gente tenta fazer alguma coisa:
confeccionar uns cartazes e colar pela cidade;
fazer um zine e lançar;
organizar um xou com conversas, vídeos;
escrever um poema e recitar na rua;
escrever uma música e tocar pra suas amigas;
o importante é lembrar que nesse feriado é celebrado o corpo da crise ou a crise do corpo, ou uma corporalidade crisística... enfines. o primeiro feriado feministra da faze da terra.
ahhhhhhhhhh sem esquecer de compartilhar com a gente aqui no confabs.
puxa, podia ser isso mesmo! as vezes sinto que aprendi mil coisas com vocês+eu -- kk = escola feministra da pesada -- e algumas vezes me senti meio boba falando todas as coisas que fizemos no passado e comparando com minha situação hoje, meio sozinha e meio cansada sem saber como levar as discussões para outros grupos que participo hoje, sem conseguir compartilhar esses sentimentos e discussões com outras pessoas. por onde ando, raramentes ouço ecos da minha inquietação. me pergunto: aquele era mesmo um contexto muito especial que nunca mais vai existir ou eu que estou nos lugares errados hoje? será que só eu nessa sala estou achando esse filme incrivelmente ruim e machista? ninguém vai perceber que esse cara tá sendo cuzão com essa mina? em que medida estou ajudando outras mulheres na luta contra essa opressão? esse feminismo é só pra minha libertação? qual o alcance do meu feminismo?
"o kk já foi mais aberto" "cada vez menos vontade de fazer coisas com os caras"
a minha sensação é que o kk nunca esteve tão aberto e é sobre isso que mais quero conversar. acho que é uma abertura solitária, talvez forçada e, principalmente, uma abertura de muitas frentes. a discussão sobre como levar a bagagem kk-siana pra espaços não kk-sianos diz respeito a essa abertura: me interessa saber como é ser um corpo em crise que voltou pra londres, que dá aula em taguatinga, na via campesina haitiana, no rio, indo pro méxico...
não é pra parecer que eu estou super valorizando as experiências de quem tá "caindo fora". muito pelo contrário. foram muito importantes os vários relatos que o wan fez sobre fazer parte do kk e transitar, vivenciar e questionar outros espaços, como o candomblé. Também lembro de algumas falas da Alice e da Tate sobre a experiência com outras meninas do hardcore e lembro muito da Thaís, que eu enchia de perguntas quando voltava de Taguatinga, pra saber como era, pra saber das dificuldades, dos pequenos enfrentamentos em sala de aula. A impressão que eu tenho é que trocar essas experiências e compartilhar hesitações (como o felipe falou) se tornou cada vez mais necessário e urgente... Essa é a minha crise no momento e, pelos últimos e-mails, acho que é a crise de outras pessoas.
até agora o que eu posso compartilhar é só um monte de perguntas e dificuldades: eu moro, trabalho, convivo e milito com pessoas muito diferentes de mim e o esforço tem sido não ser histérica. talvez por isso mesmo eu tive tanta certeza que naquela hora -- respondendo a proposta de produção pornô mais ou menos tradicional -- a histeria era necessária (não precisa mais explicar que o proponente sabia das discussões do kk e que tantas vezes a gente fez um esforço pra ter um diálogo legal e ouvir, né?)
enfim, pode parecer umas preocupações pessoais demais porque é o que estou vivendo agora, mas são preocupações reais e talvez façam sentido pra outras pessoas... acho que cada vez menos estaremos no mesmo espaço físico idealizando três dias mágicos de discussões incríveis (mesmo que no fim das contas não era bem assim) e por isso compartilhar nossas experiências de abertura é tão importante nesse momento... até que ponto estou sendo mais aberta ao diálogo ou me tornando uma não-histérica conformada?
é muito foda...porque é muito bom quando nós nos reunimos, e podemos assistir um filme que agente começa a criticar, e ao invés de repressão a pessoa ao lado solta um "muito tosssco mesmo", quando eu começo a falar uma coisa e nem preciso explicar muito porque vcs(pessoas do kk) entendem, concordam ou não, mas entendem, e mil situações de cumplicidade.....
mas ao mesmo tempo é muito estranho quando agente sai do mundo kk e parece ser umx etsinhx no meio das pessoas, que ninguém parece entender o que agente falar, como faer entender? ontem tive mais uma conversa sobre linguagem inclusiva e formas toscas de linguagem(tipo falar neguinho para se referir a "qualquer pessoa"), num bar e tal, e foi muito bom pq a pessoa depois entendeu a grande importância ou influência da linguagem, depois de muito tempo, e foi justamente com um historinha que a tai uma vez contou que ela entendeu. acho que isso é kk em diáspora. mas as vezes é muito cansativo mesmo....aí, quando saía eu, a tate, o chipe e a tatu pra balada, acabava que ficávamos nós quatro conversando, isoladxs das outras pessoas. é bom poder compartilhar as experiências que temos juntxs com outras pessoas, mas tb é desgastante as vezes....e é bom poder conversar com vcs sobre isso.
muito foda...porque é muito bom quando nós nos reunimos, e podemos
assistir um filme que agente começa a criticar, e ao invés de repressão a
pessoa ao lado solta um "muito tosssco mesmo", quando eu começo a falar
uma coisa e nem preciso explicar muito porque vcs(pessoas do kk) entendem,
concordam ou não, mas entendem, e mil situações de cumplicidade.....
mas ao mesmo tempo é muito estranho quando agente sai do mundo kk e parece
ser umx etsinhx no meio das pessoas, que ninguém parece entender o que
agente falar, como faer entender? ontem tive mais uma conversa sobre
linguagem inclusiva e formas toscas de linguagem(tipo falar neguinho para
se referir a "qualquer pessoa"), num bar e tal, e foi muito bom pq a
pessoa depois entendeu a grande importância ou influência da linguagem,
depois de muito tempo, e foi justamente com um historinha que a tai uma
vez contou que ela entendeu. acho que isso é kk em diáspora. mas as vezes
é muito cansativo mesmo....aí, quando saía eu, a tate, o chipe e a tatu
pra balada, acabava que ficávamos nós quatro conversando, isoladxs das
outras pessoas. é bom poder compartilhar as experiências que temos juntxs
com outras pessoas, mas tb é desgastante as vezes....e é bom poder
conversar com vcs sobre isso.