manifesto
Temos um nome que é pura piada: girlswholikeporno. Meninas que gostam de pornografia, que divertido. Mas o quê tem de divertido? O quê resulta tão divertido em afirmar que há mulheres que gostam da pornografia? Porque se a pornografia é a representação do sexo, isto é algo que você pode gostar ou não, mas não vejo que como mulher não tenha por quê não gostar.
Claro que a indústria pornográfica destes últimos anos têm feito muitos danos. Uma indústria cheia de estereótipos e clichês sexistas que nos marcou e que aborrecemos à força de chateação. A terminação pornografia tem sido contaminada até o limite. Mas o pornô pode ser outra coisa. E já é outra coisa. E está em nossas mãos que seja outra coisa. Em nossas mãos e em nossas câmeras. Porque se o que vemos não nos agrada, podemos gravar outra coisa. Faça você mesma. Já há muitas mulheres fazendo-o. E homens. E pessoas que não se identificam nem com o primeiro nem com o segundo.
Os rótulos ainda pesam sobre nós como lousas[ladrilhos]. Ainda se tende a classificar os vídeos pornÔ e as películas como filmes hétero, gay/lésbica ou trans. E os critérios para fazê-lo são subjetivos. Nós não podemos classificar nossa sexualidade dentro de nenhuma destas etiquetas, e como nós mais e mais gente que nem quer, nem pode. A multiplicidade de nossos desejos e de nossos corpos não pode categorizar-se.
E nossas fantasias são muitas e não queremos nos limitar, devemos crer tanto em nós mesmas como para não ter medo de repetir clichês.
Quando se coloca diante da câmara, o resultado final depende de muitos fatores. Uma mesma cena, um cumshot, por exemplo, a famosa cena pornô na qual o homem goza na cara de uma mulher. Esta cena pode ser degradante e ofensiva, porém pela maneira que é gravada, pela atitude dos atores e a forma de dirigi-los do diretor, até a música e o ângulo da câmara influenciam para que o resultado final seja sexista. Mas uma forma diferente de gravá-la, que não tem por quê ser mais doce, ou suave ou carinhosa pode dar como resultado uma cena pornô quente e revolucionária.
Porque a segunda categoria a qual nós enfrentamos e contra a qual lutamos com unhas e dentes é a de pornô para mulheres. Este rótulo sugere identificar-se com os valores que são supostamente femininos: doçura, carinho, música melosa, suavidade. Vamos de um clichê a outro e jogo fora porque me toca.
Acreditamos que é um erro identificar doçura com feminilidade e consequentemente com mulher. É essa categoria o que resulta um insulto. Por quê como mulher o doce tem que me agradar? Se entendemos por feminilidade doçura, suavidade e ternura, estes são valores que podem se atribuir tanto a homens como a mulheres. Nossa luta é a teoria queer como reivindicação da não categorização sexual, como luta política post feminista, como procura post pornográfica de novas sexualidades.
Porque a representação pornográfica serve para criar referências sexuais, se ao gravar nossas próprias fantasias, criamos um mundo de novos referentes que inspira à muitos outros.
livre-tradução por dois-corpos@hotmail.com
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