Sensação. Ela passa e os carros businam, ela passa e os donos do carro não passam, deslizam, ela passa mas nunca que aquilo ali passa, ela passa sem paciência e responde, ela passa com inocência e acata, ela passa como quem não quer passar e aí ela não passa mais. E a gente toda que presencia a cena não pensa "por que ela não pode passar?" e a gente toda se esconde, se treme mas nunca se pensa no seu lugar. A moça que apenas queria caminhar descobre que na verdade, as meninas precisam duas vezes aprender a andar.
Descobertas feitas com ar de ferida. E a mulher que desde pequena aprendeu a ser desejada percebe o mártire da cilada. O caos de sentir medo por caminhar, é como se fosse cair, é como se não soubesse lidar, é como se não pudesse, é como ser privada de ar. A testa enrugada denuncia: -não venham me impedir de passar!
o riso dos caras condiziam com o desejo de violentar e a menina pensava abundante...