precárias à deriva surgiu como um encontro, um evento. Um encontro de mulheres que buscavam novos arranjos entre pensamento, expressão e política, de mulheres que queriam uma política que partisse delas, mas que não se limitasse a elas, de mulheres que aspiravam retomar o contínuo trabalho/não-trabalho como terreno político.
precárias como um grupo começou com uma mobilização/manifestação. Com o desejo de tomar as ruas de outro modo, vizibilizando todxs aquelxs que escapavam às convenções de uma mobilização/manifestação clássica.
"Pessoalmente, eu fui à assembléia porque sabia que falaríamos na primeira pessoa sobre nossas próprias situações. Queríamos resgatar aquilo que nos une nesse modo de vída precário e a riqueza dos saberes e experiências de nossos trajetos vitais cada vez mais móveis."
Escolhemos nos mover por sermos móveis, mas ao nos mover juntas, inventamos outra forma de mobilidade. Uma mobilidade cuja velocidade é a de nossa corporidade comum (corpo coletivo) tomando a cidade, fazendo dela território de alianças e conflitos desde e contra a precarização da existência. É a maneira de percorrer juntas os caminhos que geralmente são individuais e de assim pensá-los, de forma coletiva, e de reaver-nos deles em muitos casos.
Porque permitiam levar a cabo e seguir enquanto contando e perguntando, literalmente, nos dava a possibilidade de explorar a precariedade como contexto vital que não estava limitado ao tempo e lugar de trabalho e que não estabelecia diferença entre pesquisadoras e pesquisadas.
Caminhar, em si, já é um ato radical na era do automóvel, mais ainda é caminhar em coletivo, de orelhas atentas e olhos muito abertos.