Zero-zero-nada ou Toda família deve ser levada a tribunal
Zero-Zero-Nada?
contra a quadrilha de Papais e Mamães
(ou, They fuck you up your mum and dad)
Dramatis Personae:
Larkin, o promotor público do processo de formação de quadrilha
Ratzinger, o advogado de defesa dos réus
Artaud, a juiza do tribunal
Mermeros, o denunciante
Zero-Zero-Nada?, o investigador privado
Artaud: Eu, Lúcia-Clara? Artaud, pelos poderes que me foram constituídos, declaro aberto o caso Mermeros e as multidões contra pais, mães e terapeutas. Com a palavra, para iniciar a acusação, o promotor Larkin.
Larkin: Sra Juíza, senhoras e senhores membros do tribunal. O caso que me chegou às mãos é assombroso. Trata-se de um crime de proporções imensas, de uma formação de uma quadrilha cujos membros nem sequer poderia contar. Preferi iniciar narrando-lhes como tomei conhecimento destes crimes que me passavam, até então, inteiramente despercebidos como, tenho certeza, passavam despercebidos a milhares de cidadãs e cidadãos de bem em todo o mundo. Uma tarde, recebi uma denúncia de um Investigador Privado, ninguém menos que o notório e de respeitabilidade ilibada Zero-Zero-Nada?. Como é de conhecimento geral, Nada, como é muitas vezes chamado, trabalha já há anos entre nós desde seu pequeno escritório localizado naquela ruela de trás da W3 norte onde, de acordo com os planos deste Plano, deveria existir o nada antes que o ser. Há anos Nada detecta as náuseas, as angústias, os desamparos, o torpor, o remorso e o enfado de pacatos habitantes desta cidade ajudando a desvendar crimes existenciais abomináveis que já se cometeram nesta comarca. Quem não se lembra que Nada denunciou e desvendou os atos paralisantes da malévola conexão Spleen que espalhava tédio entre milhares de adolescentes, da máfia do Héautontimoroumenos que fazia tanta gente se tornar carrasco de si mesma entre culpas e inquietações, ajudou a encarcerar os responsáveis pela Onda das Amélias que apavorava donas-de-casa com o temor do tal mal-sem-nome. Tenho certeza que não preciso me demorar em exaltar a reputação de Nada––graças a ele, tenho certeza, muitos dos presentes neste recinto já tiveram a paz e a ordem existenciais restauradas. Assim, sabedor de sua reputação, ao receber qualquer denúncia do nosso estimado Nada, coloco-me logo a fazer o que me parecer adequado para garantir a lei e a tranqüilidade existenciais de nossa comunidade. Desta vez não foi diferente. Nada me procurou e me contou que havia desbaratado uma série ofuscadíssima de crimes inconscientes, na trilha de uma diabólica quadrilha capaz de matar de raiva contida, matar de angústia, matar de medo, matar de remorso e de esquartejar corpos inteiros por meio de um avassalador sentimento de inadequação. A quadrilha, ele me contava, se aproveitava das fragilidades existenciais e da falta de segurança do ser-no-mundo enquanto puro projeto de suas vítimas para aniquilá-las sem piedade consumindo todas as resistências psíquicas que elas fossem capazes de apresentar. A trama macabra começou a se descortinar no horizonte do detetive a partir de um caso que ele investigava contratado pelo jovem João Mermeros Braga que o procurou para que investigasse sua suspeita de que sua mãe estaria envolvida em um plano com um grande número de cúmplices e colaboradores para aniquilá-lo. Nada, tenho certeza, procedeu com cautela, disciplina e determinação pelas galerias úmidas dos corredores interiores de Mermeros a busca de provas, indícios, vestígios, rastros e Marcas de toda sorte que poderiam levar à autoria dos megeros atos já realizados e que pudessem indicar o pretendido desfecho fatal. Quando o recebi em meu escritório, Nada me trouxe um volumoso dossiê de evidências dos crimes arquitetados e já cometidos pelo que chamou, ao meu ver apropriadamente, de Cartel de Jocastas e Laios (JL, como ele às vezes abrevia). Desde as primeiras páginas do relatório de Nada, fiquei boquiaberto com a dimensão da denúncia que ele fazia: o Cartel assumia proporções inimagináveis e envolvia um número exorbitante de homens e mulheres de família que, em um conluio insuspeito, dedicavam-se a todo tipo de artimanhas para destruírem inocentes cidadãs e cidadãos. O Cartel, ficou claro, é financiado por um método inaudito: gerações de terapeutas formados nas mais ilibadas instituições contribuem para um fundo com a finalidade torpe de extorquir dinheiro de inocentes vítimas como o jovem Mermeros que estão dispostos a pagar (e, por vezes, muito) para obterem um pouco de alívio das dores ininterruptas que outros membros do Cartel lhes infringem. Como fica claro no exame das evidências ao dispor de todos, o Cartel atua mormente em duas frentes existenciais complementares: os agentes do crime propriamente do lado das Jocastas e Laios que se dedicam a aterrorizar e inviabilizar a vida das vítimas provocando sua destruição por vezes brutal e violenta e por vezes cruel e lenta; do outro lado, terapeutas que se aproveitam desta verdadeira máquina de empurrar Dasein a situações-limite para extorquir dinheiro sem escrúpulos. O Cartel, que parece que já existe há muitas gerações, alcançou o requinte de sofisticação de garantir que algumas de suas vítimas saiam ilesas do processo fatal––decerto para resguardar o caráter secreto das operações; ou seja, como se diz, para não dar na vista. Montada a estrutura, o Cartel não tem feito mais do que se aproveitar dela e lentamente expandi-la de geração em geração. Senhoras, senhores, é com uma apreensão imensa pelo bem-estar existencial de nossa comunidade que eu li o relatório de Nada e, evidência a evidência, me convenci de que precisava apresentar esta denúncia. Estou convencido de que estamos diante de uma das mais articuladas redes criminais de que temos notícia. Pela primeira vez em minha carreira sinto por vezes temores pela minha própria integridade física e existencial: por vezes me parece que eu próprio não posso sair ileso deste desvelamento. Gostaria agora de chamar a este tribunal, meritíssima Artaud, o investigador Zero-Zero-Nada? que muito contribuiu para a instrução deste processo.
Zero-Zero-Nada: Senhoras e senhores, sou um Investigador Existencial das Interioridades há muitos anos. Para mim, é certo que a existência precede essência, aparência, honorários. Meu ofício não é jamais constituído de episódios casuais, mas fazendo remissão ao ente em sua totalidade em fuga, ele revela este ente em plena, até então oculta, estranheza e o faz aparecer imputável das mais hediondas tramóias existenciais. Venho mais uma vez a um tribunal narrar os produtos de minhas investigações existenciais––desta vez venho contar-lhes deste Cartel LJ que me tem ocupado incessantemente por vários meses. O promotor Larkin já apresentou as principais dimensões do Cartel: mães e pais que destroem seus filhos em um empreendimento de proporções existenciais inigualáveis e que é financiado pelas vítimas que contratam terapeutas para aliviar-lhes a angústia, o pânico, o ressentimento e a culpa. Agora, todos sabemos que não é barato, nos dias de hoje, criar filhos e, aí parece estar a motivação, estes pais e mães aceitam entrar no Cartel pelo acesso fácil à verba Freud, como muitas vezes a chamam, que lhes permite chegar aos fins de muitos meses com um pouco mais de alívio. Vale notar, no entanto, que mães e pais de diferentes faixas de renda participam ativamente do Cartel: parece o Cartel se preocupa em diversificar os investimentos para que pessoas de todos os cantos da sociedade possam ser potenciais vítimas do que eu tenho chamado de crime do desajuste existencial e que, potencialmente, possam enriquecer os cofres das organizações quando demandem terapeutas. Eu tenho trabalhado neste caso por muitos meses e creio já ter chegado a conclusões que, ainda que inacreditáveis, são suficientemente sólidas. Me encontro a disposição do tribunal para esclarecer quaisquer dúvidas...
Larkin: Senhor Nada, quantas pessoas, na sua estimativa, participam hoje em dia ativamente do Cartel dos Laios e Jocastas e por que, qual é a principal motivação do Cartel?
Zero-Zero-Nada: Não posso dizer quantas pessoas, trata-se de muitas mães e pais em quase todas as partes do planeta. O Cartel consegue empregar, contratar ou se associar com as pessoas desde os primeiros anos e mesmo os primeiros dias de vida dos seus filhos e filhas. A capilaridade do crime existencial organizado nos obriga a uma reflexão sobre a vulnerabilidade destes homens e mulheres dos quais se exige que formem seres-aí a partir de meros bebês, que eles recebem em uma forma de meros en-soi incapazes de qualquer contato com a diferença entre a presença do nada e a disponibilidade dos entes. Agora, quanto às motivações, devo dizer, antes de tudo que, como em todo delito destas proporções e de um caráter tão malévolo, é difícil entender completamente as motivações que levam estas pessoas a cometerem atos existenciais tão hediondos. Minha tarefa, eu entendo, é a tarefa de investigar, não a de compreender––e nem sequer, é claro, a de julgar. Em grande medida, o Cartel é como uma gigantesca máquina que se alimenta de seus próprios atos. É certo que, enquanto as manivelas giram, os terapeutas ganham suas comissões, os atravessadores ganham suas comissões e muitos pais e mães também molham suas mãos. Não se deve esquecer que o Cartel atua primordialmente extorquindo dinheiro de suas vitimas...
Larkin: Como o Cartel entra em contato com seus integrantes, isto é, com pais e mães de potenciais vítimas?
Zero-Zero-Nada: Tenho razões para acreditar que o Cartel se propaga rápido e com antecedência––é um enorme mecanismo existencial que se propaga com seus tentáculos em muitas áreas e direções. Parece que o Cartel começa a agir muitas vezes propagando em homens e mulheres um sentimento de vazio ou de inutilidade de suas vidas sem que produzam potenciais vítimas dos crimes do Cartel. Já desde a adolescência vemos garotas querendo ter filhos para encontrar um sentido para suas vidas; vemos garotos querendo atuar como patriarcas com poder e glória em suas mãos––e filhos perturbados pelos excessos de poder que aspiram. Cabe perguntar, a quem interessa esta falta de sentido, esta angústia, este mal-estar que leva as pessoas a constituírem famílias para poderem ter algo de seu, ou para poderem exercer seus poderezinhos, ou para parecerem úteis ou responsáveis? A quem interessa esta vontade de ter filhos para se integrar no mundo que sentem tantos jovens em tantas partes do mundo? Ora, é elementar para qualquer um minimamente informado das capacidades infames dos delinqüentes existenciais ver que, aqui, temos o dedo desta máfia de Jocastas e Laios...
Ratzinger: Eu protesto...
Artaud: Quais são os termos do protesto?
Ratzinger: O depoente tenta parecer como óbvio e elementar o que me parece assunto de imensa controvérsia teológica...
Artaud: Protesto aceito. Com a palavra o advogado de defesa Ratzinger.
Ratzinger: Obrigado, meritíssima Artaud. Me parece, meritíssima, que justamente aquilo que o depoente atribui ao suposto Cartel––que para mim nada mais é do que o mais sagrado dos sacramentos abençoado pelos Céus desde o tempo de Noé e sua arca––, esta falta de sentido que leva jovens a quererem ter filhos dentro da benção da família, eu me inclino a não atribuir a nenhuma organização criminosa, mas antes a Deus...
Artaud: Vamos acabar com o julgamento de Deus. Não vamos julgá-lo agora. Com a palavra o depoente.
Zero-Zero-Nada: Obrigado meritíssima. Sr. Ratzinger, advogado dos réus, a hipótese desta anomalia teológica teve, evidentemente, que estar presente em minhas investigações. Nós, investigadores existenciais, pisamos em terreno movediço quando aventamos a possibilidade de uma tal anomalia: por um lado, não queremos com isto isentar grupos de delinqüentes existencialmente nefastos atribuindo a uma ordem supranatural as mazelas que, muito provavelmente, estes criminosos praticam sem pudor e sem pena; por outro lado, não queremos nos ver obrigados a incriminar o Artífice Supremo nas fileiras de máfias e camorras como o Cartel das Jocastas e Laios––uma tal incriminação nos colocaria em maus lençóis inclusive com os muitos de nossos clientes que são devotos. (Eu, pessoalmente, conto com muitos padres e freiras e outros religiosos entre os que me procuram com náuseas, angústias, desesperos, desamparos e perseguições suicidas e já me cansei de procurar pistas duvidosas ou pouco confiáveis na tentativa de não incriminar o Tal Artífice ou algum outro membro das hierarquias das religiões.) No caso do Cartel, nobre advogado, não é diferente: prefiro deixar Deus fora deste lamaçal.
Larkin: Então, uma vez que os jovens começam a procurar sentido na vida (ou uma fatia de poder, ou uma pincelada de glória e respeitabilidade) querendo ter filhos eles já entram no esquema deste Cartel criminoso?
Ratzinger: Protesto...
Artaud: Quais são os termos do protesto?
Ratzinger: O promotor está fazendo uma pergunta que requer do depoente conhecimento do foro íntimo dos supostos réus. A pergunta deveria ser feita a eles...
Artaud: Protesto aceito. Com a palavra, para retificação, o promotor Larkin.
Larkin: Obrigado, meritíssima Artaud. Bem, uma vez que os filhos são gerados––deixando de lado os caminhos existenciais que levaram seus pais e mães a querer produzi-los––como é que o Cartel entra em ação?
Zero-Zero-Nada: Desde os primeiros dias pais e mães recebem orientação para escangalhar existencialmente a vida das vítimas. Tenho razões para crer que estas orientações provêm de uma equipe treinada de terapeutas e especialistas em patologias existenciais para maximizar, em cada caso, a angústia, o ressentimento, o sentimento de culpa das vítimas. O trabalho dos pais e mães em cada caso que tenho notícia é primoroso. Então as vítimas são destruídas completamente ou vão encher os cofres dos terapeutas e, por conseqüência, os cofres do Cartel.
Larkin: Eu gostaria, meritíssima, de chamar ao tribunal o jovem Mermeros que teve a coragem de denunciar esta camorra sem escrúpulos quando procurou o investigador Nada. Gostaria, meritíssima, que ele fosse inquirido tanto por mim––quanto pelo advogado de defesa Ratzinger––com a presença e a contribuição do investigador.
Artaud: Concedido. Mermeros, sente-se nesta cadeira e preste seu juramento.
Mermeros: Eu juro contar tudo sob a pena de sucumbir a angústia, ao medo, ao perigo de ultraser do qual não se pode fugir, não se pode fugir, não se pode fugir.
Artaud: Promotor Larkin, Advogado Ratzinger, suas perguntas a Mermeros, por favor.
Ratzinger: Jovem Mermeros, você aprendeu a amar e respeitar seus pais?
Larkin: Protesto...
Artaud: Quais são os termos do protesto?
Larkin: O advogado dos réus está tentando incutir culpa e ressentimento––e talvez outras patologias existenciais escabrosas––no jovem depoente.
Artaud: Protesto aceito. Advogado de defesa Ratzinger, reformule sua questão.
Ratzinger: Muito bem, Mermeros, você honra seus pais?
Larkin: Protesto
Artaud: Protesto aceito.
Ratzinger: Meritíssima, esta questão é de fundamental importância, eu jamais suspeitaria de meus pais...
Larkin: Pois depois que conheci o Cartel JL ninguém mais me parece acima de suspeita.
Artaud: Ordem no tribunal. Peço ao promotor Larkin que inicia a inquirição do depoente.
Larkin: Obrigado, meritíssima. Na sua opinião, jovem Mermeros, sua mãe pertence a esta organização criminosa chamada de Cartel JL?
Ratzinger: Protesto...
Artaud: Quais são os termos do protesto?
Ratzinger: A pergunta insinua que o jovem pode suspeitar de sua mãe e com isto entrar em confronto com o sacramento da família...
Larkin: Protesto...
Artaud: Quais são os termos do protesto?
Larkin: Desta maneira o advogado de defesa impede que o processo seja mesmo apresentado uma vez que o Cartel ele mesmo envolve uma suspeita acerca do sacramento da família.
Ratzinger: E do mandamento de honrar pais e mães...
Larkin: Não podemos dar um passo sequer neste processo se estivermos impedidos por questões de fé...
Ratzinger: E de moral, e de bons costumes e de ordem...
Larkin: Meritíssima, o advogado de defesa quer terminar com o julgamento do Cartel em nome de sua fé e seus princípios...
Ratzinger: Não são só princípios, são meios, são fins, são antes do princípio, depois do fim, são verdades eternas O advogado em um transe começa a agir como se fosse um papa Credo in Deum Patrem omnipotentem, Creatorem caeli et terrae. Et in Iesum Christum, Filium eius unicum, Dominum nostrum, qui conceptus est de Spiritu Sancto, natus ex Maria Virgine, passus sub Pontio Pilato, crucifixus, mortuus, et sepultus, descendit ad infernos tertia die resurrexit a mortuis...
Artaud: Ordem, ordem no tribunal––vamos acabar com estes trejeitos de inquisição imediatamente. Peço então ao investigador Zero-Zero-Nada? que inicie a inquirição da testemunha.
Zero-Zero-Nada: Mermeros, por que você procurou a mim com vistas a fazer uma denúncia ao poder público.
Mermeros: Eu fui denunciar e pedir que se investigasse mais acerca dos crimes de que fui vítima: estelionato emocional – me prometeram que se eu me comportasse bem eu teria afeto e compreensão e estas coisas são as que eu menos recebi –, formação de quadrilha – todos os adultos à minha volta conspirando contra minha capacidade de ficar em paz – e terrorismo existencial – anos e anos de ameaças descabidas e desproporcionais se eu não colaborasse com este complô de pais e mães que me cercava por toda parte. Eu achava que já era hora de olharmos para estes crimes e que alguém tentasse desbarata-los e coloca-los em julgamento...
Zero-Zero-Nada: Bem, agora Mermeros, conte-nos um pouco sobre aquele dia em que você me procurou.
Mermeros: Eu contei de meu pai, de minha mãe, minha mãe, desde que eu era bem moleque me fazia sentir que ela me amaria apenas se eu não fosse completamente leal a Jasão, meu pai. Por outro lado, meu pai sempre me dizia que minha mãe logo iria embora e que nós ficaríamos––afinal ela era cigana e as ciganas não nos ajudam a conseguir o que queremos. Agradar minha mãe era ter os olhos suspeitos de meu pai sobre mim, agradar meu pai significava ser olhado com um pouco da fúria de Medeia. Passei minha vida toda assim. E depois, meu pai tentando agradar o desembargador Creonte e cortejando Glauce... Eu não tenho dúvidas de que eu acabaria morto se não escapasse por seis meses para a casa de minha tia em Nerópolis...
Ratzinger: Protesto. Isto não é um depoimento, é uma blasfêmia...
Artaud: Eu já adverti que estamos acabando com o julgamento de Deus.
Ratzinger: A família não pode ser acusada por meio de uma testemunha blasfema...
Larkin: Ora, Ratzinger, todos sabem o que Medeia é capaz de fazer...
Ratzinger: agitado Não, uma mãe não destrói seus filhos, um filho não acusa sua mãe––se Medeia é criminosa, condenem Medeia, deixem as famílias, minhas clientes, em paz...
Artaud: Procure se acalmar, senhor Ratzinger...
Ratzinger: ainda agitado Eu não admito que uma mãe seja caluniada, que a família seja acusada, que o sacramento seja blafemado...
Larkin: Artaud olha para todos os lados sem saber o que fazer enquanto Larkin se agita ainda mais que Ratzinger Ele não aceita que desmascaremos esta máfia, esta camorra––é uma máfia. Ele age como se, desesperadamente, quisesse salvar o crime a todo custo mesmo com as evidências que temos de que é uma intituição que já espalha o mal há centenas de anos. Não podemos, meritíssima, deixar que o advogado de defesa obstrua o julgamento que mereceria que acontecesse há anos. Temos que desmascarar esta máfia.
Ratzinger: Viva a família!
Larkin: Desmascarem a máfia!
Ratzinger: Viva a família!
Larkin: Desmascarem a máfia!
Ratzinger: Viva a família!
Larkin: Este homem é um mafioso, vamos desmascarar esta máfia!
Ratzinger: Este homem é um blasfemo. Viva a família!
Larkin: É uma máfia!
Ratzinger: Viva a família!
Larkin: Máfia!
Artaud: Silêncio, silêncio. Ou eu mando prender os dois. E seus pais e mães! Tenho que informá-los que nem tudo é blasfêmia ou ato mafioso, algumas coisas são apenas conveniências de uma espécie assustada!
Pano rápido