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Corpus Crisiscorpus crisis é um evento que aconteceu pela primeira vez em maio de 2005 com a vontade de reunir pessoas e grupos para conversar sobre as crises dos corpos: gênero, sexualidades, o lugar que os corpos ocupam no espaço, arte a partir do corpo, transgressões pelo corpo, violações do corpo, alterações de corpo e mente, conflitos entre o modelo repartido mente versus corpo. o norte de nossas ações é o espírito faça-você-mesma, de maneira liberta, espontânea e divertida. 2005 - primeiro feriado feministra dos planetas o korpus krisis pode ser entendido também como uma coletiva megalomaníaca de micropolítica feminista que, às vezes mais às vezes menos megalomaniacamente, fez, entre outras coisas, encontros no feriado de korpus krisis em 2005, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2010. alguns encontros foram um picnic no parque, um ano foi um ótimo pretesto para ir à parada lésbica em são paulo que sempre coincide a data, e teve também as versões show-business com muita gente de vários lugares, além de aproximações e desaproximações com a convergência de grupos autônomos do df (teve uma época que o kk era até um serviço de buffet). o corpus crisis surge do encontro de questões, pessoas e inquietações. olhamos para o nosso corpo e o percebemos em crise. estou em crise! fizemos da crise o veículo instaurador da nossa fala, fala (e grito) (e silêncio) que nos leva em busca da reconstrução de outro corpo e outros corpus. nossas crises têm-se feito em forma de teia, de rizoma, de cadeia, de misturas, de rupturas, de anseios, desejos, interferências, lutas, desapontamentos, transformações, reinvenções... de trânsito, e em trânsito. nascendo em maio de 2005, numa paródia do feriado corpus christi, como um evento que buscava reunir pessoas e grupos para conversar sobre as crises dos corpos (gênero, sexualidades, o lugar que os corpos ocupam no espaço, arte a partir do corpo, transgressões pelo corpo, violações do corpo, alterações de corpo e mente, conflitos entre o modelo repartido mente versus corpo); o corpus crisis acabou por se tornar permanente se organizando como um coletivo. como coletivo de estudos e interveções feminista queremos criar um lugar de ação política questionador e inovador, que faça novas abordagens a velhos problemas e articule soluções que saiam do plano teórico e invadam a prática cotidiana. falar a partir da crise. nosso desejo é estabelecer um lugar de produção criativa onde possibilidades outras possam ser pré-figuradas e performatizadas, o que, acreditamos, fortalece e dá novos sentidos a bandeiras anti-sexistas, anti-racistas e anti-capitalistas que nos são tão caras. mas cuidado, porque até esse lugar estabelecido está sujeito à crise! :::como nos organizamos O coletivo, carinhosamente KK, costuma ter problemas de definição, inclusive, por desconfiar que definições muito encaixotadas amarram nossas pernas. Mas, como as pessoas perguntam, a gente costuma dizer que somos um coletivo autônomo feminista de atuação cotidiana e metodologia precária. Fazemos coisas com desejos anti-capitalistas e anti-machistas de uma maneira lúdica, atentas para mecanismos de exploração e repressão que, junt@s, não queremos reproduzir, mas mina-los. Em certas situações, parece que não reproduzir certas coisas de maneira automática já consiste uma forma de sabotagem... em outras, a gente precisa gritar mais alto. E no grupo existe espaço pra vários projetos e vontades. É um grupo pequeno e sobretudo de pessoas que se gostam muito. Assim, se alguém estiver pilhando na rádio, massa! Vai lá e faz, e quem quiser colar, cola. É claro que alguns projetos mobilizam mais gente. O retome o tech, por exemplo, surgiu pontualmente e acabou virando o retome as noites, uma idéia antiga, que envolveu também outros grupos aqui do DF. A forma precária de organização, como costumamos chamar, é a maneira do coletivo de estar sempre disposta a questionar nossa implicância nas coisas que a gente critica e, ainda, de combinar uma organização descentralizada (ou seja, organizada em outros termos, que envolve um gasto enorme de energia, inclusive afetivo, nas decisões de preferência por consenso) com trabalho livre (não pago, nas horas vagas e que envolve prazer necessário). São princípios contrários aos dispositivos capitalistas mais amplos e essa combinação, dentre as possibilidade de se organizar autonomamente, é, para nós atualmente, a tática mais hábil de dissidência cotidiana. Aliás, a existência de pessoas que trabalham em coisas que acreditam independente de um ganho material mensurável e convertido em dinheiro abala as estruturas da forma de organização, adminitração e governo da economia capitalista. Mais que independentes, nesse caso, a mágica do trabalho livre acontece, enquanto dissidência, enquanto não envolver grana do meio. trata-se de uma reconceitualização prática do trabalho e riqueza, despidas de sua compreensão burguesa estúpida de trabalho alienado e obediente e uma outra forma de produção, onde nossas mãos, entre outras partes do corpo, não estão a venda, poxa, que seja livre, não liberal, mas libertária, horizontal e compartilhada ou como diriamos por aqui: abaixo a à esquerda, precárias à deriva! |